Você já deve ter uma pequena ideia do que é uma intolerância à lactose, correto? Basicamente, ela é caracterizada pela incapacidade de digerir totalmente a lactose de produtos lácteos.

Além disso, é resultado de um distúrbio digestivo que está diretamente associado à baixa produção (ou nenhuma produção) de lactase, uma enzima produzida pelo intestino delgado.

A lactose, então, é o açúcar presente no leite e seus derivados. É um hidrato de carbono, mais especificamente um dissacarídeo, composto por dois monossacarídeos: a glicose e a galactose.

Com isso, é necessário ter um cuidado com alimentos que contenham lactose, como é o caso dos leites, queijos, iogurtes, chocolates, entre outros. Como a doença pode ser desenvolvida em qualquer idade, é preciso também estar atento aos sintomas.

Quais são os tipos de intolerância à lactose?

Existem três tipos de intolerância à lactose, cujas causas ocorrem de formas distintas. Veja:

Deficiência congênita

A presença da forma congênita é rara, usualmente aparente na primeira semana de vida e é decorrente de uma desordem autossômica recessiva, resultando em ausência de atividade da lactase no organismo.

O consumo de qualquer quantidade de lactose é intolerável e perigoso levando à diarreia infantil, que rapidamente pode causar severa desidratação. O diagnóstico se dá por meio do Sequenciamento completo do gene LCT, além da investigação clínica do paciente.

Deficiência primária

intolerância primária é geneticamente modulada, e é resultante do declínio fisiológico da atividade enzimática da lactase. Essa redução de atividade é gradual e associada à interação entre genes e hábitos alimentares.

Geralmente, os sintomas clínicos não são evidentes até a puberdade ou início da fase adulta. Tanto o teste genético, como o teste das provas funcionais (curva por exemplo) estão verificando esta forma de intolerância.

Atualmente, o teste genético para intolerância a lactose tem se mostrado uma ótima ferramenta para auxiliar na rotina clínica. Além disso, apresenta inúmeras vantagens para o paciente.

Deficiência secundária

intolerância à lactose secundária manifesta-se em decorrência de alguma anormalidade na fisiologia do trato gastrointestinal. Quando o sistema deixa de produzir adequadamente a lactase por causa de alguma doença, cirurgia ou injúria como, por exemplo, a doença celíaca, doença de Cronh, enterite, entre outras.

Este tipo de intolerância tende a ser transitório e o tratamento da condição causadora a esse tipo de intolerância pode resolver o problema. É necessário uma investigação abrangente para identificar o que está causando danos às microvilosidades intestinais.

Por que é necessário estar atento aos sintomas de intolerância à lactose?

No início, a intolerância pode ser confundida com alergia a proteína do leite por conta de alguns sintomas semelhantes. Mas, acredite, são complicações bem distintas. Para contextualizar, explicamos um pouco a causa das duas abaixo:

  • Intolerância à lactose: Caracteriza-se pela dificuldade em digerir o açúcar do leite e derivados, normalmente se manifesta na idade adulta e não ativa o sistema imunológico do indivíduo, além dos sintomas estarem relacionados apenas ao sistema gastrointestinal.
  • Alergia: A alergia a proteína do leite de vaca, também conhecida como APLV, ocorre no primeiro ano de vida em aproximadamente 5% dos bebês e caracteriza-se pela dificuldade de ingerir as proteínas presentes no leite e derivados podendo causar uma reação alérgica, uma vez que ativa o sistema imunológico do indivíduo.

Agora que você sabe a diferença de uma para outra, apresentamos outro ponto que torna o conhecimento dos sintomas tão necessário: as primeiras reações.

Em alguns casos, quando a intolerância começa a surgir, o indivíduo passa a sentir mal-estar e a ter desconfortos gastrointestinais , mas pensa que esses efeitos passarão rapidamente.

Com isso, ele continua ingerindo alimentos com lactose naturalmente, quando, na verdade, é este açúcar que o faz passar mal. Para se ter uma ideia, de acordo com estudos, mais de 70% da população brasileira possui intolerância à lactose, seja em grau leve, moderado ou grave.

Para diagnosticar a intolerância, é necessário, primeiramente, descartar quaisquer outras enfermidades gastrointestinais, que causam sintomas semelhantes. Logo após, é imprescindível consultar um médico especialista que avaliará o histórico do paciente.

Quais são os principais sintomas?

Caso você esteja com alguns dos sintomas dos citados abaixo, procure ajuda médica e obtenha o melhor tratamento:

  • dor e inchaço abdominal;
  • diarreia;
  • gases;
  • irritação intestinal;
  • gordura nas fezes;
  • náusea e vômitos;
  • dor de cabeça.

Todos os sintomas acima estão correlacionados e podem ter três graus de dor:

  • leves: causam leves dores momentâneas na região da barriga;
  • médias: as dores são um pouco mais elevadas, mas ingerir algum medicamento pode amenizar a situação;
  • intensas: aqui, as dores incomodam o paciente ao ponto de atrapalhar as tarefas diárias. Em alguns casos, é necessário encaminhamento até um pronto-socorro para a aplicação de remédio via endovenosa.

Quais são os fatores de risco?

Listamos abaixo alguns fatores que podem levar ao desenvolvimento de intolerância à lactose. Alguns podem ser evitados, já outros não:

  • Predisposição genética  (etnias mais comumente afetadas: africanos, árabes, gregos, chineses, coreanos e canadenses);
  • Envelhecimento;
  • Histórico familiar;
  • Infecção por rotavírus;
  • Doenças gastrointestinais;
  • Diabetes;
  • Realização de cirurgia bariátrica.

Como curar a intolerância?

Não existe forma de conter a queda de produção da lactase ou a cura da intolerância em si. Por isso, logo após seu diagnóstico, é necessário que alguns cuidados sejam levados em conta para que os sintomas não sejam agravados.

O primeiro passo é: reduzir todos os alimentos que contém lactose na sua composição. No entanto, existem produtos no mercado com 0% de lactose ou com redução de 80% a 90% do açúcar. Há também produtos para substituir a lactase, sendo encontrados em pó, pílulas ou líquido.

Uma boa alternativa é adicionar legumes, cereais e verduras na dieta. O motivo é que esses alimentos colaboram o trânsito intestinal. Ou seja, mesmo que por acidente, quem tem intolerância, ingira lactose, terá menos complicações intestinais.

Mas, atenção: é necessário o aval de um nutricionista para saber quais componentes podem ser retirados ou adicionados da dieta. Somente um profissional especializado, após exames, poderá prescrever a melhor receita.

Ao consumir alimentos recomendados, a pessoa que desenvolveu a intolerância poderá viver tranquilamente.

FONTE: https://blog.diagnosticosdobrasil.com.br/intolerancia-a-lactose/